domingo, febrero 19, 2006

Incertezas

Por um instante você caminha e as coisas parecem bem. Nenhum empecilho, obstáculo ou barreira se apresentam. Aí, de repente, você para, hesita. O chão parece instável, uma neblina paira no ar, você se desorienta, balança e até cai. Que incômodo! Como o tempo muda assim de repente, sem aviso prévio?!
Sem aviso prévio?! Huuuum... seria por demais taxativo censurar a vida assim embora concorde que algumas vezes sejamos pegos desprevenidos. Tenho reparado, entretanto, que a vida nos entrega, uma vez ou outra, alguns cartões de visita sobre as situações em que estamos ou procuramos (consciente ou inconscientemente) nos meter. É como se em cada um deles tivesse escrito algo do tipo: "Ei. Tem certeza?"; "Preste atenção. Olha lá"; "Fique alerta aos sinais que lhe passo" e semelhantes. O curioso disso é que, quando algo ocorre e nos frustra, lamentamos pelos objetivos inalcançados. Detalhe: ao vasculharmos o bolso, encontramos os tais cartões.
O que é pior? Constatar a desatenção ou o lastimo da teimosia? Independente da resposta, o resultado é sempre o mesmo: o constrangimento pelo que escapou aos dedos. É a revolta do goleiro pela bola que passou por debaixo do braço ou do atacante que a vê raspando à trave. "Um pouco mais e conseguiria" é o que pensam. Era de apenas um pouco o de que precisavam.
E de todas as ações que precisamos executar em nossas vidas a mais penosa é a de fazer escolhas: esquerda ou direita, blusinha branca ou preta, SIM ou NÃO, tentar ou não tentar? Pra ficar ainda mais difícil e angustiante, ao escolher uma perdemos o desenrolar dos acontecimentos sobre a outra.
Situações assim dão forma ao sufocante "E se...?". É uma dicotomia de matar. Queremos possuir, ter, fazer, estar, buscar, ir, voltar, ser, realizar. E o que nos impede?! O tempo, o dinheiro, as pessoas, nós mesmos, o fato de sermos apenas um e não dois ou mais...
"Viva!". Tenho ouvido (e principalmente lido) muito isso ultimamente. É útil e necessário. Mas viver pode ser complicado e ameaçador se não olhamos onde pisamos. A mina, se houver, pode explodir a qualquer momento sob nós. Mas focalizar o chão constantemente pode ser chato pois não apreciaríamos a paisagem ao redor, além de perder o friozinho na barriga que dá o tom de toda boa aventura.
Que vivamos, então! Vamos colocar os óculos e andar. E não nos preocupemos se as lentes ficarem embaçadas. Vamos dar alguns passos mesmo assim, só para sentir como é. Mas fiquemos alertas também para quando surgirem cartões de visita. Afinal, a gente nunca sabe quando precisará dos serviços que eles oferecem até que surja uma oportunidade. ;-)
Foto: brindando com meu irmão cósmico! Valeu Évis, foi muito produtiva a tarde de ontem!!!

6 comentarios:

Anónimo dijo...

BINGO!!! Sos una génia Marce, extrañabamos tu forma de redactar.
Por las dudas... mejor no quedarse con dudas... jejeje
Cuidate bebota

Vica dijo...

É, realmente, tu escreves muito bem, mesmo! Beijos!

Anónimo dijo...

Vc é do tipo alto astral ... gostei do blog!
Alberto

Anónimo dijo...

Olha aqui EU denovo! Gosto muito de passar por aqui...

Marce, seu texto faz todo o sentido! Estamos sempre preocupados com o futuro e agarrados no passado. Temos de saber aproveitar o "Agora", porque esse é o futuro e daqui a nada é passado...
Saber viver é fácil, o dificil é sermos nós próprios sem estarmos "escravos" da nossa mente tagarela.
Muitas vezes a felicidade que buscamos lá fora, que viramos do avesso esses cartões de visita á espera de uma resposta, está bem ali dentro de nós.


Vamos Viver!!

Bom carnaval!!

(upsss acho que escrevi demais!!)

Anónimo dijo...

É isso mesmo Marcela, não tem mistério, a vida tem que ser vivida... deixar pra lá os medos, as inseguranças ... temos que saber nos arriscar se queremos, de verdade colher os frutos ...

Tenho muitas saudades tuas... saudades daqueles tempos... sei lá saudades enfim...

Anónimo dijo...

Muy de acuerdo con ideas... lo importante es la reacción a la caída, y la capacidad de poder hacerlo es lo que te dá nuevas fuerzas para seguir adelante.
Yo, sin mis defectos y sin mis virtudes no sería yo... Si mi vida no hubiera sido como es, sería una vida distinta, es decir, no sería yo la que la estuviera viviendo.
Acabo de conocer tu blog, y me ha gustado...
Un besito