sábado, mayo 21, 2011

Cuenta atrás



Me da vértigo el punto muerto
y la marcha atrás,
vivir en los atascos,
los frenos automáticos y el olor a gasoil.
Me angustia el cruce de miradas
la doble dirección de las palabras
y el obsceno guiñar de los semáforos.
Me da pena la vida, los cambios de sentido,
las señales de stop y los pasos perdidos.
Me agobian las medianas,
las frases que están hechas,
los que nunca saludan y los malos profetas.
Me fatigan los dioses bajados del Olimpo
a conquistar la Tierra
y los necios de espíritu.
Me entristecen quienes me venden clines
en los pasos de cebra,
los que enferman de cáncer
y los que sólo son simples marionetas.

Me aplasta la hermosura
de los cuerpos perfectos,
las sirenas que ululan en las noches de fiesta,
los códigos de barras,
el baile de etiquetas.
Me arruinan las prisas y las faltas de estilo,
el paso obligatorio, las tardes de domingo
y hasta la línea recta.
Me enervan los que no tienen dudas
y aquellos que se aferran
a sus ideales sobre los de cualquiera.
Me cansa tanto tráfico
y tanto sinsentido,
parado frente al mar mientras que el mundo gira.

Extraído del poema "Cuenta atrás" de Francisco M. Ortega Palomares

viernes, mayo 20, 2011

Secretos del pasado

Cuando revolvemos el pasado nos damos cuenta de que, ni los malos son tan malos, ni los buenos son tan buenos. Al final, todo el mundo miente, sobre todo en aquellas cosas que no cuentan. En los silencios que carecen de respuestas.

martes, mayo 17, 2011

Lições de Vida


Passei parte de minha vida cometendo o erro de perguntar a mim mesma se eu fazia falta à vida de alguém. Um dia experimentei fazer a mesma pergunta, só que ao contrário: existe alguém que faça falta em minha vida?

Quando inverti a pergunta percebi, surpresa, que as respostas passaram a depender somente de mim. Descobri que eu era a única responsável pelos buracos que misteriosamente surgiam em minha alma e me levavam ao sofrimento. Era eu mesma quem os escavava nos momentos de solidão...

Desta forma a vida foi-me ensinando que não há como ser plena sem a presença do outro. Somos seres incompletos, e me surpreendi ao descobrir que a melhor parte de mim vagava pelo mundo espalhada em seres diversos. A aventura de encontrar e recolher cada um desses pedaços não só me tornou melhor e mais feliz, como me apontou o verdadeiro propósito de minha existência no planeta. Graças a um anjo chamado Amizade, aprendi que enquanto eu me descobria nos outros, ao mesmo tempo nós nos completávamos.

Hoje eu alimento meu espírito fazendo uma espécie de “inventário da alma”: esforço-me em lembrar de todas as pessoas que em algum instante foram importantes em minha vida; que fizeram diferença em momentos vitais; que inocularam em minha alma dúvidas que me impeliram a crescer; que foram companheiras de simples presença, protegendo-me com seu calor, silencioso e paciente.

Depois de tudo, aprendi talvez a derradeira lição: amor é sentimento voluntário. Diferente disso, ele se anula em seus contrários. Somente amando podemos nos tornar aptos a receber esta energia que nos humaniza e purifica. Hoje, sentir a falta de alguém não é mais sofrer o vazio de sua ausência, mas sentir-me feliz com a plenitude de sua presença, não importa se esta pessoa viva em outro país, ou esteja distante no tempo.

Como na música que embalou minha juventude, sentir saudade é como cantar: “Quando você estiver abatido e preocupado, e precisar de ajuda, e nada, nada estiver dando certo, feche seus olhos e pense em mim que logo estarei aí, para iluminar até mesmo suas noites mais sombrias...”.

lunes, mayo 02, 2011

Deleite


Em um dos passeios diários do Theo, mudei o caminho... segui rumo ao gasometro.
O dia estava ensolarado e a temperatura amena, foi quando me deparei com um dos entardeceres mais lindos que já presenciei. O céu estava colorido em vários tons confusos de azul e laranja que eram refletidos impecavelmente nas águas do Guaíba. Havia uma brisa leve que garantia uma sensação de serenidade a quem estivesse por ali.
Tudo parecia estar em sintonia. Sentei em um dos banquinhos e fiquei ali parada, estática, contemplando tudo. Simplesmente desejando sentir e prolongar aquela paz pelo maior tempo que pudesse. Por um instante desejei ter alguém para compartilhar aquela dádiva. Mas estávamos apenas eu e o Theo. Não havia mais ninguém ali. Lamentei não ter levado uma máquina fotográfica - mesmo sabendo que ela não poderia registrar o contexto do momento, os sons, a brisa, a harmonia, a magia que imperava naquele cenário.
Agradeci a Deus por aquele presente, pois estava triste e a visão da paisagem me alegrou imensamente. Pensei em diversos lugares do mundo aonde poderia estar, nas pessoas, amores e culturas diferentes que poderia ter conhecido, caso minhas escolhas tivessem sido outras. E fiquei feliz por estar ali. Porque percebi que fiz a escolha certa.