jueves, octubre 26, 2006

Regalos

A veces me encuentro como en esa extraña situación en la que alguien, en un desconcertante gesto de amabilidad, te regala algo que no necesitas y que yo misma nunca adquiriría.

Un regalo trampa, un favor obligado a aceptar. Me llegan de manera bastante regular ofrecimientos que las características de mi situación actual me impiden desechar, no por falta de ganas.

Mucha gente, casi siempre gente que amo, me tira a la cara contra mi voluntad su compasión, se me acercan misericordiosos conocidos con frases de ánimos que no hacen otra cosa que hundirme más, me llueven a la fuerza oportunidades de seguir viviendo cuando todo se había acabado, o, lo que es peor, apoyo en el problema que uno mismo sabe que le acompañará hasta la tumba.

Ellos quieren ayudar, y yo no quiero ser descortés, todo termina siempre en una sensación de estupidez para el afectado confrontada con un profundo sentimiento de autocomplacencia por parte del "ayudador". En esos casos, ¿Quién es realmente el que ayuda a quién?


domingo, octubre 15, 2006

A Dona do Arco e da Flecha

Eu sou guerreira! Eu sei que sou guerreira de olhar desafiador. Imperfeita o tempo inteiro. Feia ao extremo, mas sou guerreira. Sou guerreira que consegue vencer a solidão com paixão. Acabo com minha sede com mel e ainda como a abelha. Reconhece meu rosto? Está diferente, porque assemelha-se com minha alma, e esta sim está completamente mudada. Só não mudei de princípios, mas mudo todo dia os meados e raspo da minha carne, minha pele as sujeiras que o mundo aglomera.

Eu sou guerreira, que vence às batalhas todos os dias, e todas as flores cuida. Caio do cavalo todo dia. Caio do céu todo dia. Todos os dias milhares de outros guerreiros depenam minhas asas. Mas aprendi a voar alto, onde o ar pros impuros é rarefeito. Respiro lentamente, mas mantenho meu pulmão de verdades poéticas e ninguém pode tirar de mim minha poesia. Sou espada, escudo e sangue. Venço pecado todo dia e nem assim sou santa. Mas me cobre um manto de renascença, que não deixo cair.

Você que me lê deveria tentar ser guerreiro dos dias e não viver numa monotonia barata, fácil de ser conquistada. Deveria arriscar viver amor. Sabe amor? Beijos de verão no meio do inverno? Sabe palavras românticas no meio do inferno? Eu sou guerreira! Eu que hei de vencer meus abstratos e reafirmar meus concretos. Que devo ir à diante e mudar os inversos. É preciso construir muros altos pra tentar chegar no céu. Se cair… Veja bem… Se cair… É acaso do destino e todo acaso do destino é válido. O que não pode, é se contentar em subir em três tijolos e ter armadura de papelão. Eu quero é trocar de lençóis, pele e dentes. Pra ver se me esquento na noite, me cubro de lua e falo estrelas.

lunes, octubre 09, 2006

Insatisfação

A insatisfação talvez seja uma inconsciente necessidade de todos nós. Nos dá força para alcançarmos metas, nos impele a lutarmos por uma melhor qualidade de vida. Essa busca, se não for doentia, muitas vezes nos traz benefícios e nos faz crescermos material, espiritual e, às vezes, até intelectualmente.

Mas e quando essa insatisfação não cessa, quando NADA parece fazer sentido? É assim que me sinto às vezes. Levanto-me todos os dias, saio de casa, cumpro meus deveres, minhas atitudes parecem normais, ninguém percebe, mas não encontro prazer em nenhuma atividade, seja ela profissional ou pessoal. É uma sensação estranha. Não é tristeza, nem melâncolia, muito menos depressão. É como se as coisas não tivessem razão de ser. Chego a questionar o porquê de ter que ir trabalhar, preocupar-me com a saúde, dizer "olá", "bom dia"... A verdade é que, nessas ocasiões, me torno emocionalmente "dormente".

Muitas vezes, alguém com quem por acaso esteja conversando, me adverte dizendo que pareço estar em outro mundo, pois meu olhar parece ausente, distante... Tenho, no entanto, uma possível explicação: depois de muito tempo vivendo de sonhos e idealizações, talvez, diante disso, tenha alcançado todos os meus limites, de tristeza, de decepção, de paciência... É como se apenas restasse um silêncio, daqueles de água parada, inerte, vazio...

Como um atleta que, de sangue quente, sofre um impacto violento, nesses momentos NADA sinto. Até às coisas que outrora me eram mais prazerosas me torno indiferente. Minhas palavras perdem a sintonia que sempre busco com a poesia. Felizmente essa sensação é temporária. Como diria Florbela Espanca: "Tudo no mundo é frágil, tudo passa..." Sei disso. Pois basta que um outro coração bata na cadência do meu peito, para que meu corpo desperte e minh'alma volte a sentir...