domingo, junio 15, 2008

Nó na garganta

Nem tudo que parece, é. Pouco falo sobre mim, apesar de todos acharem que me conhecem bem, mal sabem sobre os pensamentos mais sombrios que rondam minhas idéias. Todos os meus sentidos e sentimentos são vuneráveis, quase tão frágeis quanto as certezas.

Os discursos que treinei ficam à margem de toda e qualquer candura. E o que sou eu, sem que minha inocência possa aflorar? Sou pedaço de diamente sem lapidação, flor de laranjeira ao chão.

Fico tão desiludida de mim, sem esperar nada de ninguém, muito menos da vida, que é serpentina ao vento e poeira em dia de chuva.

A vida, que me traz tempestades e furacões sem que eu os peça, sabe o quanto eu prefiro morrer na tempestade a viver na calmaria.

Talvez todas essas dúvidas sejam conseqüência da época do ano, em que há menos flores que espinhos. Mas é preciso espinhos para cultivar a flor em sua mais bela forma, para manter afastadas todas as pragas que podem exterminá-la.

A escolha dos espinhos é minha, até que as formigas não se retirem. Enquanto os purgões resolverem comer minhas pétalas, manterei o ritmo acelerado e as mãos cheias de pedras.

O maior problema é a falta de escolha que se segue em meu destino. É preciso aprender a ler as pessoas, mesmo que não tenham capacidade para escrever a poesia em si.

É, esqueci que as pessoas estão iletradas na alma, o alfabeto transcedental sumiu, secou-se a fonte.

Desculpem-me pelas janelas abertas, pela porta da geladeira que insisto em esquecer de fechar, da direção seguida e perdida. Me esqueci até de guardar minha fé em pó solúvel, assoprada para mais longe a cada dia que passa.

Se quer saber, é até bom que ela voe como passarinho, assim pára de dar nó, afirmando que muitos passarão e deixa de fazer de mim uma sombra sem assombração.

1 comentario:

los normales dijo...

Sei que é difícil, e dói muito te ver assim, tão triste... mas por favor, reage Marce... ainda tem muita gente que se importa contigo e que quer te ver bem!
Bs
Nacho