viernes, julio 04, 2008

Meia dúzia de pretenções

Quantas vezes me pego olhando pro caminho percorrido e vejo o quão longínquo ele é. Quantas passadas já dei. Conseguirei chegar no final da estrada? Não sei! Nunca saberei! Só sei que continuo andando. Só sei que continuo sofrendo, todo dia, toda hora. Só sei que continuo aqui. Só sei que mais um dia estou aqui.

Mais um dia pra dizer meus medos. Pra dizer com força, ser irredutível e intensa e apaixonada. Sempre apaixonada pelas pessoas e pelas coisas. Sempre apaixonada pelos dias e pelas horas. Sempre apaixonada pelo céu e pelo mar. Sempre arriscando viver os dias como se fossem últimos. Sempre amando tudo de verdade. Sempre amando a mim e aos que me acompanham. Sempre amando quem a vida mantém longe. Não sei quanto tempo ainda conseguirei resistir. Não sei quantas pauladas meu bumbo aguentará levar. Já não sei o gosto de que terá o amanhã, nem quero prever a semana que vem. Não quero escrever cartas de loucuras. Não consigo mais pensar num mundo onde a poesia inexista. Não consigo palpitar se sou a pior das escritoras. Só sou uma romântica tentando sobreviver. Sou só um Sol subindo pra nascer.

Não sei se conseguirei lutar mais uma guerra, só sei que não deixo nunca de ser espada e escudo. Não sei fingir o prazer. Não sei viver os filmes por viver. Não sei amar pra não morrer. Porque a vida é isso, um mundo só de natalidade e fatalidade. Então que sejam dizimados os que nunca me conheceram. Que sejam exterminados os sonhos que nunca me sonharam. Não falem mais do meu sorriso, não pretendo ser perfeita. Nem perto disso. Não acho as minhas as melhores respostas. Não acho as minhas borboletas as mais belas e nem meus dias os mais verdadeiros. Não pretendo só mentir, não pretendo machucar ninguém. Não pretendi abandonar histórias. Não pretendi ser a melhor muito menos a pior de todos. Não pretendi ser a salvação do amor e nem o trauma do ódio. Não pretendi ser as últimas flores e nem as primeiras poesias. Não pretendi ser poeta, nem gente, mas me tornei dona de meia duzia de palavras e estou aqui como naquela madrugada na escada. Não pretendi ser o melhor abraço e nem a pior bofetada. Não pretendi mudar de disco, mas poderemos ter um outro ritmo pra dançar?

Só quero continuar o caminho, não pretendo saber quanto longínquo ele é e nem quantas passadas já dei. Só quero chegar no final da história e da estrada. Não pretendo morrer antes de transferir tudo o que sei. Não pretendo ser mais veloz que o vento. Só sei que continuo andando. E o sofrimento as horas bebem por mim. Continuo aqui. Respirando devagar, mas continuo. Só sei que não deixo de arriscar acordar só pra deixar de sonhar. Mas é acordando que a vida tem sentido. Então que toque o despertador!

No hay comentarios.: