lunes, julio 28, 2008

Esquecendo de esquecer

A vida é mesmo engraçada. De repente você se pega pensando em coisas inimagináveis. Na verdade, você não sabe o pensamento original que o levou aos turbilhões de pensamentos, nem sabe a intensidade da velocidade que eles vieram, mas percebe e pára naquele pensamento que mais lhe chamou atenção. Daí, esteja onde estiver, um leve sorriso aparecerá em seu rosto. Você vai balançar a cabeça e pensar: meu Deus, como isso era bom! Daí eu me lembro do cheiro, sinto até o gosto daquela lembrança inesquecível.

O que mais me dá medo na vida, não é envelhecer ou saber que um dia tudo acaba. O pior, pra mim, com certeza é justamente não ter certeza se serei parte do jogo da memória que a nossa própria cabeça nos prega. É triste pensar que um dia pode acontecer dessas lembranças simplesmente sumirem. Ah, não. Isso eu não quero, nem aceito. Seria injusto, seria um inferno. Perder todas as boas coisas pelas quais passei?

Não!

Não quero esquecer de quem foi a Peposa, nem do que eu mais gostava de brincar. Não quero esquecer da sensação gostosa de ser acariciada pelo meu avô. Não quero esquecer o sorriso dos meus pais, não quero esquecer do cheiro do peru na manhã de Natal, nem quero esquecer da maneira que minha mãe ajeitava os presentes ao pé da árvore.

Não quero me esquecer da dor de cada bichinho que eu perdi, porque não quero esquecer das alegrias que cada um me trouxe. Não quero me esquecer do medo dos trovões porque assim não me esquecerei do quanto me tornei corajosa. Não quero me esquecer nenhum segundo daquelas pessoas que passaram por 1 segundo em minha vida e fizeram toda a diferença. Nem quero esquecer de ninguém que me acompanha nessa super aventura.

Não quero esquecer de quem amei, de quem amo. Não quero esquecer nenhuma decepção, pois graças a elas hoje eu me lembro de como devo agir. Não quero esquecer de ser educada com quem menos merece. Não quero esquecer que um dia fui criança. Não quero esquecer de nada, de nenhum sentimento, nenhuma sensação...

Ai de mim se um dia me faltarem as lembranças!

1 comentario:

Anónimo dijo...

Deve ser muito triste mesmo... é como perder a identidade e todas as referências de quam vc foi, é e não será...